segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Entrevista com Peter Lerangis, autor de "O Ladrão de Espadas"

O Percy Jackson BR fez uma entrevista exclusiva com o autor do terceiro e sétimo livros da série 39 Clues, Peter Lerangis. Ele fala como foi escrever a série junto de outros escritores e seu gosto pelo Brasil!

Entrevista concedida exclusivamente ao site Percy Jackson Brasil. Tradução: Fernanda Siepierski.

1) Como você acabou entrando no Projeto 39 Clues?

Eu fui convidado pela Scholastic no princípio do planejamento de The 39 Clues, junto a Gordon Korman e Jude Watson, para escrever dois dos livros. Fomos escolhidos porque todos nós havíamos escrito livros para a Scholastic de aventura, mistério e históricos que fizeram sucesso. Naquele momento, Rick Riordan já estava a bordo para escrever o livro 1, assim como para escrever a estrutura ampla da história.

2) Quais as melhores e a piores (ou não tão boa) partes de se escrever séries com vários outros autores?

Parte da diversão foi ter a oportunidade de conhecer outros autores. Gordon e eu nos tornamos amigos antes de a série ter começado, mas eu fiquei encantado ao descobrir que os outros autores são todos ótimas pessoas, assim como são talentos de primeira linha! Eu gosto de história (por exemplo, meu livro Smiler’s Bones), mistérios ( a série The Watcher) e quebra-cabeças (Spy X), então The 39 Clues foi um projeto dos sonhos! Eu não sabia nada de Hideyoshi e Shaka Zulu antes de escrever “O Ladrão de Espadas” e The Viper’s Nest, e foi bem legal dividir o que eu aprendi e conectar isso à jornada do Dan e da Amy.

Escrever como um “time relacionado” trouxe seus desafios. Nós todos tivemos que definir um estilo de escrita que não era de todo diferente dos livros anteriores da série e que ao mesmo tempo ainda mantivesse nossa personalidade, senso de humor etc. Não foi fácil herdar a série depois dos livros escritos por dois dos meus autores favoritos, Rick Riordan e Gordon Korman — uma grande responsabilidade! E na época do livro 7, Jude Watson (vencedora do National Book Award) e Patrick Carman (autor best-selling, segundo o New York Times) foram adicionados à mistura. E eu sabia que Linda Sue Park (vencedora do prêmio Newbery) iria utilizar meu livro como ponto de partida para sua história! Só que eu gosto de um bom desafio, e honestamente nossos estilos têm muito em comum (então não foi tão difícil)!

O outro desafio foi a velocidade na qual os livros tinham que ser escritos. Enquanto eu estava em turnê para divulgar o livro 3, voando de cidade em cidade e de hotel em hotel, eu estava ao mesmo tempo tentando escrever o livro 7 nos 35.7 segundos livres que eu tinha cada dia! No instante que eu retornei, eu pude me acorrentar a minha escrivaninha e mergulhei no The Viper’s Nest com força total!

3) Se você fosse um Cahill, poderia falar de qual parte da família você pertenceria?

Bom, eu tenho minha própria conta no http://www.the39clues.com/, então já está determinado: sou um Janus!

4) Qual é sua maior inspiração? Você já escreveu um livro baseado nessa inspiração ou com um personagem baseado nela?

Eu me inspiro em solitários que atingiram o sucesso embora tenham sido mal compreendidos ou ignorados pelo resto do mundo. Alguns anos atrás, eu fiquei profundamente tocado ao ler sobre Minik, um esquimó do pólo norte, que ficou órfão em Nova York em 1897 – um garoto de oito anos, de um dos cantos mais ao norte e mais remotos do planeta, e que nunca tinha visto uma árvore! Eu quase podia ouvir seu espírito implorando para que sua própria história fosse conhecida. Depois que eu escrevi o livro Smiler’s Bones, sobre sua vida, minha esposa e eu visitamos seu túmulo em um canto quieto e esquecido no estado de New Hampshire. Foi uma experiência tremendamente emocionante.

5) Quem é seu autor favorito?

Vou restringir a autores vivos: Richard Ford pela beleza de suas palavras; Oscar Hijuelos pela profundidade de sua alma; Stephen King por sua narrativa sem medo; Patricia MacLachlen, Natalie Babbitt, e Phillip Pullman pela precisão da prosa deles.

6) Durante o processo de produção dos livros de 39 Clues, você teve que fazer diversas pesquisas. Se você fosse escolher mais lugares e culturas como material de pesquisa, quais seriam?

Brasil, claro!

7) Você prefere escrever livros infantis ou adolescents? Quais são os pontos positivos e negativos de se escrever para cada idade?

Eu gosto de misturar. Livros infantis são divertidos porque você pode ser mais livre com o humor. Crianças, por natureza, vivem em uma espécie de bolha; seus pais cuidam de todas as duas necessidades (ou pelo menos deveriam cuidar), então você tem maior liberdade em seus pensamentos de fantasiar e tentar novas idéias, não importa quão bobas elas sejam. Adolescentes estão lidando com a tensão de partir de uma vida centrada nos pais para uma vida em que eles serão tratados como iguais aos adultos. A primeira vida dá a impressão de desesperada e limitadora e a outra é sem forma e assustadora. Eles ainda agem impulsivamente como as crianças, mas eles são mais crescidos e mais maduros fisicamente, como adultos – e ainda tem os hormônios a flor da pele e a necessidade de “seja legal ou morra”. Por isso, os adolescentes tendem a levar as coisas muito a sério, porque eles devem fazê-lo, e ao mesmo tempo eles estão desenvolvendo um forte senso de ironia. Como escritor, você pode se aprofundar em sentimentos e questões morais, de lealdade e amor.

8 ) Você já sofreu algum tipo de bloqueio durante a produção de um livro? O que você fez para superar isso?

Sim, eu enfrento bloqueios quase todos os dias, e especialmente no início dos livros! O que me faz seguir em frente é uma coisa simples chamada contrato do livro – particularmente uma linha que diz “Prazo de entrega”. Eu sei que eu tenho que terminar um projeto até uma certa data, então se eu estou sofrendo com bloqueios, eu simplesmente tiro uma folga para clarear minha mente. Eu vou dar uma volta no parque, fazer compras, responder perguntas de Brasileiros legais. Eventualmente eu chego a um ponto em que digo: “Ok, chega, Peter, de volta ao trabalho”. Se você se permite ter tempo suficiente, você pode fazer tudo.

9) De todos os seus livros, de qual personagem você gostou mais? Você normalmente cria personagens baseados em você ou em pessoas que você conhece?

Eu era como o Dan quando criança, um brincalhão, então eu gostei mais de escrever por ele. Eu era também o mais velho da minha família, então eu acredito que eu tenha um bom entendimento em relação a parentes mais novos e que enchem um pouco a paciência, e eu pude me relacionar com o lado mandão e que gosta de livros da Amy. Só que eu tenho que confessar que eu adoro escrever sobre os caras maus, principalmente sobre os Kabras. Nada como um pouco de maldade para alegrar um dia de trabalho!

Mais estranho, dos personagens adultos, eu descobri que o Tio Alastair era o mais interessante. Nos dois primeiros livros ele foi tão irremediavelmente instável! Eu comecei a imaginar o porquê. Ele era refinado e educado e possuía um traço de bondade, mas tinha sua carga de falhas e humilhação. Eu senti pena e queria torná-lo mais humano, então comecei a expandir a história com o fim de contar sobre sua infância. Essa história não estava nos planos originais de O Ladrão de Espadas, nem estava a batalha épica de coragem com Bai Oh, nem a jornada a Seul, Coréia do Sul. No entanto, assim que Alastair tomou vida nos estágios de planejamento do livro, eu decidi que os leitores (e Dan e Amy) precisavam ir ao local de origem de Alastair. Por essa razão houve a grande cena climática no parque Pukhansen, em Seul.

10) Você viaja muito para promover os livros que você escreveu. Qual é a história/momento mais emocionante que você viveu em seus encontros com os fãs?

Um garoto de uma escola de ensino fundamental esqueceu de trazer o livro para eu autografar. Ele estava devastado. Chorando. Me perguntaram se eu podia autografar um pôster para ele. Então eu descobri que o garoto perdera vários meses de aula por causa da doença de Lyme – ele estava completamente paralisado na cama. Depois de sua recuperação, ele estava bastante atrasado nos estudos e tentava heroicamente alcançar os outros alunos. Ele também era um grande fã de 39 Clues e estava ansioso para ter seu livro autografado. Após eu ter assinado o pôster para o menino, meu publicitário cheio de compaixão, trouxe o garoto até mim. Nós conversamos e tiramos algumas fotos. Depois de nos despedirmos com um aperto de mão e quando ele finalmente se foi para voltar a aula, eu pude ouvi-lo dizer para si mesmo “Ohhh… esse dia está cada vez melhor!”

Em outra escola, um garoto de 11 anos de idade me apresentou para um público de 500 crianças da escola. Ele fez um ótimo trabalho e eu fiz a escola aplaudi-lo enfaticamente, antes e depois da minha apresentação. Depois, em um evento em uma livraria, eu conheci sua mãe. Ela começou a chorar. Seu filho era estudioso e viciado em livros, ela disse, e por meses as outras crianças caçoavam dele e batiam no garoto. Só que depois do evento, ele virou uma celebridade na escola. Crianças saíam de seu caminho para parabenizá-lo e admirá-lo. Com lágrimas nos olhos, ela disse, “Você mudou a vida dele”.

11) Você tem alguma mensagem para os fãs/leitores brasileiros?

Claro! Eu gostaria de fazer alguns convites!:

1) Convido-os para nosso evento global de 39 Clues dia 31 de Agosto! Todos os sete autores estarão participando e será o grande final de uma contagem regressiva de 39 Dias, a qual já começou! Aqui está o link para o site do evento: www.the39clues.com/accessgranted .

2) Convido-os para visitar minha página na internet www.peterlerangis.com, para tornar meu amigo no Facebook http://www.facebook.com/peter.lerangis, e paara me seguir no twitter http://twitter.com/PeterLerangis.

Eu amo o Brasil! Eu espero que os maravilhosos fãs brasileiros estejam curtindo The 39 Clues e eu espero que um dia eu possa visitar seu belo país.Fonte: PJ-BR, tradução: Fernanda Siepierski.